Vi uma entrevista na CNN dum taxista do Cairo que estava eufórico, certo de que tudo de bom viria agora a acontecer.
Só que o que o taxista do Cairo verdadeiramente deseja é ser taxista em Berlim.
Quer isto dizer que os egípcios que andam tão contentes estão a sofrer do mesmo síndrome que nós em 74. Pensámos que a felicidade e a prosperidade, leia-se, o padrão de consumo dos alemães (ou o que nós pensávemos ser o nível de vida dos países europeus) estava ali ao virar da esquina. Mas não estava.
E no Cairo também não vai estar. A próxima coisa que lhes vai acontecer é uma baixa na economia induzida por uma quebra nas receitas do turismo e alguma desorganização. Depois, as dores de parto da democracia. Se não morrer no parto, vai ainda demorar um geração inteira para crescer.
Mas pode ainda acontecer que os militares, depois de 18 dias de tirocínio a ganhar a confiança do povo, continuem no poder e designem outro Faraó...