sábado, 22 de maio de 2010

Adeus Cavaco

Eu percebi... foi aritmética eleitoral. Todos os votos contam...
E quantos votos de maricas terás ganho em troca do meu voto, que perdeste?
Durante anos batalhei por ti na luta política, perdi tempo, dinheiro, amigos...
Mas não, Cavaco.
Deitaste fora a espinha, a verticalidade que pensei que tinhas.... e vi que não tens, nunca tiveste, princípios morais. Só te interessas por ti próprio, pela tua carreira política, pela tua vaidade...
Não levas mais o meu voto.
És mais um que faz parte do problema: és uma liability.
Adeus Cavaco.

domingo, 16 de maio de 2010

Bento XVI


Esperei pelo fim da visita e pelo arrefecimento dos ânimos.
Como católico, comungo um pouco da tendência portuguesa de ver o Papa, menos como um Chefe de Estado, como um líder religioso, e mais como o representante pessoal de Cristo na Terra, o único homem que fala com Deus. Para mim, há Santidade naquele homem excepcional.

Mas Bento XVI é também um homem e, como homem, talvez o maior filósofo da actualidade, o maior teólogo com certeza, e uma pessoa prodigiosamente culta e inteligente.

Acossado pelos casos de pedofilia na Igreja, como se o pedófilo fosse ele mesmo, como se a própria Igreja Católica fosse uma organização pedófila, veio a Fátima procurar - e encontrou - o conforto pessoal do amor, do carinho, da admiração, da devoção de centenas de milhar de pessoas. Muitas não muito, pouco ou mesmo nada praticantes, uma infinidade de jovens e de crianças. Antes de chegar disse que o perdão não substitui a justiça à qual têm de ser submetidos os que infringiram, que o ataque à Igreja Católica, neste caso, não veio de fora, mas de dentro, de quem agiu daquele modo, e que nenhuma força destruirá a Igreja de Cristo. A Igreja é eterna e, por estranho que pareça a pessoas pouco informadas, já passou por dificuldades mais graves e cometeu pecados piores. E sobreviveu. Também agora vai sobreviver. Todas as vezes aprendeu. Desta vez, que é necessário um maior controlo e que é bem má ideia tentar esconder a vergonha.

Mais do que isso, Bento XVI deixou-nos palavras sábias. Ainda não as consegui absorver na totalidade. Mas para quem se quiser familiarizar melhor com o pensamento de Bento XVI recomendo a leitura urgente da Encíclica, Caritas in veritate, que pode ser contrada e copiada no site do Vaticano - http://www.vatican.va/.
Notei também como na comunicação social se calaram as vozes soezes que de tudo atacavam a Igreja Católica e o próprio Papa, a propósito de tudo e de nada, desde os casos de pedofilia até aos prevervativos.

Finalmente, foi para mim supreendente constatar como se abriu a face e o sorriso daquele homem tímido e reservado, perante o enorme carinho que sentiu de tantos milhares das suas ovelhas.

sábado, 8 de maio de 2010

...o papel do Estado...

Passei mesmo agora os olhos pela televisão (TVI 24) e vi um pedaço duma entrevista duma senhora visivelmente obesa, mas que já tinha perdido peso, porque tinha mesmo chegado a ter 124 kilos. Falava-se de 'obesidade mórbida'. A certa altura o entrevistador (jornalista) alvitra se o Estado não devia fazer qualquer coisa.
Pois... o Estado...
Mas porquê o Estado? interroguei-me eu interiormente. Porque é que há-de sempre ser o Estado?
Porque os portugueses - desde os mais ricos aos mais pobres - chamam sempre pelo Estado, uma espécie mista de paterfamilias global e de Deus ex machina, que serve para tudo.
Para emagrecer os gordos, para engordar os magros, para altear os baixos e baixar os altos, para embelezar os feitos e desfear os belos, para empregar os desempregados e para desmpregar os empregados.
Esta Estatocracia está na massa do sangue de demasiados portugueses, está-lhe no tutano do osso. E acaba por ser útil: dispensa-os de fazerem o que lhes cabe e da responsabilidade por não o fazerem. É um totem.
Porque para emagrecer basta comer menos... não é preciso o Estado, basta força de vontade.
Em Auschwitz não havia gordos... quando lá chegaram as forças aliadas (há filmes) eram todos magrinhos.

domingo, 2 de maio de 2010

os selvagens do futebol

No tempo de Justiniano, havia dois clubes em Constantinopla que disputavan tudo o que era desporto de massas: combates de gladiadores, corridas de quadrigas, etc.: os verdes e os azuis.
Um dia pegaram-se e desataram-se a combater-se nas ruas incendiando e destruindo a capital do Império. O Imperador mandou vir o Belisário com as tropas que estavam a cercar Roma, então já ocupada pelos Lombardos, e mandou juntar todos os verdes e os azuis no Estádio, dizendo que lhes resolveria os diferendos definitivamente.
Belisário chegou com as suas tropas, entrou no estádio e matou-os todos. O problema resolveu-se definitivamente... até agora.

Em Portugal o futebol é mau, é um antro de corrupção e de negócios escuros, não tem público nas bancadas e custa um dinheirão ao país. Bem melhor seria que passasse a ser jogado à porta fechada, transmitido em directo para uma espécie de jardins zoológicos dedicados, onde as claques seriam mantidas para não incomodarem mais ninguém.

sábado, 1 de maio de 2010

agências de rating

Há três principais: Standard  & Poor, Moody's e Finch (e mais uma meia dúzida de secundárias). As três primeiras são as que fazem as principais avaliações da solvabilidade de empresas e países. Mais exactamente, intervêm quando há emissão de 'bonds' (obrigações representativas de dívida) por parte de empresas privadas ou Estados Soberanos (sovereign debt). Tornaram-se notoriamente célebres quando avaliaram o Lehman's Brothers em AAA (triple A) até à véspera da sua falência e a ENRON até três dias antes. Há, no mercado, muito quem ponha em causa a credibilidade das agências de rating. Elas foram imensamente culpadas no 'credit crunch' ao fazerem avaliações completamente erradas de produtos financeiros estruturados que tiveram um papel central na alavancagem financeira (leverage) que esteve na origem desta crise.
Hoje há suspeitas sérias - eu partilho delas - de que estejam a actuar no mercado da 'sovereign debt' europeia simplesmente para provocar subidas do custo dos financiamentos e lucro fabulosos aos tomadores dos 'sovereign bonds'.
O sistema é simples. A crise bancária obrigou os Governos a endividarem-se excessivamente. Ciclicamente têm de recorrer ao mercado para emitirem novos 'sovereign bonds' para, com os correspondentes fundos, pagarem os que se vencerem. Como todos, no mercado, sabem quando é que isso vai suceder, sempre que um Estado com pouca ou nenhuma capacidade de negociação ou de manobra se prepara para lançar uma emissão de bonds, as agências degradam-lhe os ratings e com isso aumentam o preço do dos fundos que podem captar. Aí os especuladores, usam os capitais que obtiveram em mercados baratos e colocam-nos com lucros enormes nestas emissões. Isto só acontece com o chamados 'weakest links' que são hoje (por ordem decrescente) a Grécia, a Espanha, Portugal e até a Itália. São 'weak links' porque geriram tão mal a sua dívida que quando vão ao mercado, estão já financeiramente exangues e vão ser forçados a aceitar o que quer que lhes seja exigido. Esta prática é agiota e usurária e é conseguida - diz-se - pela combinação entre as agências de rating e os intervenientes no mercado, que as remuneram.
Mas as coisas tornaram-se ultimamente mais graves ainda quando a voracidade e a sistematicidade de actuação conjunta das agências de rating e especuladores sugere a existência de um verdadeiro ataque especulativo contra o Euro. A ser assim - espero bem que não - as coisas assumirão uma gravidade inaudita.
Não é que os Governos grego, espanhol, português, etc. não sejam culpados: são-no e gravemente. Mas tal não desculpa nem justifica a rapina feita pelos especuladores de braço dado com as agências de rating.

Vai ser preciso - já é preciso há muito - regulamentar as agências de rating e obrigá-las a uma acreditação junto, pleo menos do BCE e da SEC.
Quando mais cedo melhor.

...dobrar o sinal?

Depois das declarações conjuntas de Sócrates e Passos Coelho e da recente degradação (ainda mais) do rating da República, fiquei - eu e muita gente - a pensar que seriam cancelados os elefantes brancos de obras públicas que o Governo pretende executar.
Puro engano.
Só uma das auto-estardas redundantes é que vai ser reavaliada; o resto, segundo Sócrates, é para manter, porque há compromissos com empresas privadas.
Gostaríamos nós de saber o que são esses compromissos. Como não há esperança de saber, é inevitável especular e tentar adivinhar.
É difícil adivinhar tudo, mas é uma cláusula que salta á vista: o sinal. Receio bem que alguém já tenha recebido o sinal e não queira devolvê-lo em dobro.
Assim vai o real sistema de financiamento dos partidos políticos e dos políticos dos partidos.