domingo, 31 de janeiro de 2010

31 de Janeiro

Não se compreende todo este foguetório com a comemoração da data de uma revolta republicana falhada, a não ser numa antecipação do início da campanha eleitoral para as presidenciais. Entre Cavaco e Alegre, vamos ter de aturar um despique a ver quem é mais republicano? Depois da evidência da desgraça que foi a política da Primeira República é, pelo menos, despropositado tudo isto. Foi tão má tão má, que acabou por trazer a bancarrota financeira e o fascismo político. A bancarrota já está a caminho...
Politicamente não me sinto nem monárquico nem republicano, sou simplesmente um cidadão. Mas chateia-me este frenesim de maçonaria agressiva, à mistura com capitalismo selvagem e insensibilidade social. É uma receita que já deu os resultados que deu no primeiro terço do século XX. Será que vamos ter de a sofrer mais uma vez?

sábado, 30 de janeiro de 2010

Villepin e Blair

Dominique de Villepin foi absolvido no processo 'Clearstream'. Sempre tive dele a melhor opinião, reforçada pela defesa que fez no Conselho de Segurança das Nações Unidas duma solução de paz para o Iraque. Na altura foi aplaudido de pé. Mas os americanos não gostaram e acabaram por conseguir afastá-lo da presidência francesa com um processo que é típico da CIA, a invenção e a montagem de uma acusação infamante. Villepin, homem de uma vasta cultura e de postura aristocrática, era bem a imagem da Europa em que me revejo.

No inquérito sobre a entrada do Reino Unido na Guerra do Iraque, Blair recusou qualquer arrependimento mesmo perante a não existência das tristemente célebres armas de destruição maciça (WMD). Recordo-me do dia em que o ataque começou. Um dia antes da data anunciada, um bairro habitacional Bagdad sem qualquer valor estratégico foi atacado e destruído com mísseis de cruzeiro com o pretexto de que Sadam estaria num restaurante ali existente. Sadam não estava lá, mas foi morto uma número indeterminado de civis inocentes, não combatentes e indefesos. Este ataque não pode deixar de ser qualificado como uma crime de guerra mas, não obstante, ninguém foi por ele trazido ao banco dos réus. Blair ficou conhecido como o 'Yankee Poodle'.

A comparação destes dois casos dá que pensar, ou devia dar... Mas, hoje, já pouco se pensa: lê-se e vê-se nos media de referência o pensamento já construído alhures, destinado a ser consumido como fast food.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

a Oeste nada de novo

Pois é... está tudo na mesma. This place never changes...
Estive em Viena em contacto com responsáveis da UE, incluindo a Vice-Presidente do Parlamento Europeu. A conversa, era inevitável, deslizou para a situação económica dos «PIGS» (Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha). O que deixa toda a gente boquiaberta é a atitude de Portugal. Todos os outros estão a fazer qualquer coisa: a Irlanda e a Grécia estão mesmo a fazer, a Espanha também. E Portugal, para espanto geral, ocupa-se com os homosexuais e faz como se nada se passasse de mal com a sua economia.
A Oeste nada de novo.
O primeiro sinal é o aumento dos funcionários públicos de 0,9% alegadamente para compensar da inflação (a propaganda oficial diz que é um aumento zero em termos reais). Mas isso não serve para nada. Tem de haver uma redução real. Na Irlanda houve redução nominal desde 40% (Primeiro Ministro e governantes) até 15% (os salários mais baixos). Na Hungria ficaram só com 12 meses por ano e o IVA subiu para 25%.
Mas os desgraçados políticos que aqui há não querem - nenhum quer - ser antipático e, por isso, continuam com a orquestra a tocar enquanto o Titanic vai ao fundo.
Não acredito que o orçamento traga alguma coisa de eficiente, para além de medidas cosméticas, devidamente tratadas pela imprensa do costume.
O FMI já chegou à Grécia. Na Europa toda a gente está a olhar para o Orçamento Português a ver o que dali vai sair. Se for a tibieza do costume, cá teremos o FMI outra vez.

Começo a pensar que questão é de regime.

sábado, 23 de janeiro de 2010

seja como Deus quiser

Uma semana inteira entre Viena e Budapest. Uma muito mais, outra bastante menos desenvolvida do que nós. Amanhã aterro em Lisboa. Além de temperaturas negativas e muita neve, ganhei distanciamento e desintoxiquei dos media portugueses. Só estive com gente muito inteligente e muito capaz.
Quase que tenho medo de aterrar no rectângulo estreito. Vou precisar de readaptação à estupidez local.
Seja como Deus quiser...

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

o orçamento

Como eu previa, já começou a imposição externa: PS e PSD vão fazer um orçamento a meias.
Eu não desgoto desta imposição.
Sempre é melhor do que o Sócrates da governar.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

morte lenta

Portugal é apontado pela agência internacional Moody’s como um exemplo de uma economia estruturalmente pouco competitiva que enfrenta o risco de sofrer uma “morte lenta”. 

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

outra coisa qualquer, por favor

Toda a gente diz que não há alternativa, mas eu não me conformo. Tem de haver. Pior que isto não há.

Eu sei, eu sei, que MFL é uma velha chata que não agrada a ninguém... eu sei, eu sei, que Aguiar Branco é um copinho de leite, que só tem o voto da Foz, mas não o do Porto.

Mas porque diabo de razão é que o PSD há-de ser dirigido sempre por barrosistas/diasloureiristas? Há lá mais gente e com certeza mais capaz.

Por isso vou apoiar Passos Coelho quando for ocasião disso. Conheço o PSD bem, fui fundador, e nunca o vi neste estado. Por este caminho acaba, ou é opado pelo CDS.

É urgente mudar a direcção do PSD, pôr lá o Passos Coelho, e voltar a dar aos Portugueses uma hipótese de votar.

domingo, 10 de janeiro de 2010

inauguração solene

O casamento homossexual vai ser inaugurado solenemente pelo próprio Sócrates que, com pompa e circunstância, vai casar consigo mesmo, felicíssimo com o seu amor próprio que é eterno e indissolúvel.
Leva uma aliança de lata num dedo de cada mão.
A cerimónia terá lugar na loja do cidadão.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

...e agora, José Sócrates?

Já conseguiste ofender a consciência de milhões de portugueses, hostilizar uma religião inteira...

Já desviaste as  atenções dos reais problemas de Portugal e dos portugueses, já criaste um pretexto que talvez te pudesse derrubar do Governo, o que desejavas na esperança de ser reeleito com maioria absoluta; já pagaste o apoio político de uma franja da população e fizeste figura de herói da esquerda para melhor poderes continuar a enriquecer escandalosamente alguns empresários e salafrários do regime.

E agora, José Sócrates, que mais vais inventar? Vais continuar a demolir os valores éticos da melhor parte dos portugueses? Vais liberalizar eutanásia? a pedofilia? o tráfego de órgãos humanos?

Que mais nojeiras vais tu inventar agora, José Sócrates, para continuares onde estás?

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

... uns filhos melhores...

Anda por aí toda a gente a dizer que é preciso deixar aos filhos um mundo melhor.
Não seria também de pensar em deixar ao mundo uns filhos melhores?

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

negociar o orçamento

Toda a gente bem pensante, na política, diz com uma ar de boa consciência que o governo deve negociar seriamente com a oposição a passagem no orçamento.
Também acho.
Também diz que não devem ser evitadas as divisões profundas entre os portugueses.
E também acho.
Então, proponho que o Governo deixe cair a proposta dos casamentos homossexuais e deixe de fazer provocações morais a mais de metade - ou pelo menos a um número importante de portugueses.
Pessoal, politica e moralmente, acho que vale bem a pena deixar cair o orçamento em vez de deixar cair o casamento.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

a ilha

Esta nova invenção para controlo de segurança nos voos para o Estados Unidos vai, com toda a probabilidade, contribuir para reduzir o tráfego aéro com aquele destino. Não digo propriamente o daquelas pessoas que não podem deixar de voar para ali por razões profissionais e que não têm outro remédio, senão sujeitarem-se àquela humilhação. Mas os voos propriamente voluntários vão reduzir, pelo menos de parte das pessoas propriamente civilizadas. Eu, pessoalmente, deixarei de voar para ali e já dei disto notícia, cancelando workshops, conferências e outros eventos académicos e científicos.
Se quiserem, venham cá.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

a nova ortografia

Tenho estado a estudar o novo acordo ortográfico. Cheguei à conclusão de que muda bem pouca coisa, além de acrescentar à lingua três consoantes que já se usavam - K, Y e W - de manter algumas duplas grafias e acentuações com acento agudo ou circunflexo em palavras esdrúxulas (económico-econômico). O que mais incomoda os portugueses é a eliminação de consoantes mudas a que estamos habituados mas que não fazem grande falta (p. ex. sector-setor, acção-ação). Atenção: desaparecem os tremas no Brasil (p. ex. delinqüir-delinquir, tranqüilo-tranquilo).

Porquê, então, tanta animosidade?
Conheço relativamente bem o Brasil e vendo lá perto de 1/3 do que escrevo. Tenho mesmo um neto bi-nacional.
No Brasil há ainda um «complexo do colonizado» que leva alguns brasileiros a imputarem aos portugueses a culpa dos seus defeitos, assim com aqui há ainda um complexo imperial que leva muitos portugueses a considerarem-se os donos da língua. São duas atitudes erradas e, posso dizê-lo, muito minoritárias em ambos os países.
Mas há uma política externa americana persistente em afastar os países da américa do sul em relação aos seus ex-impérios: Portugal-Brasil; Espanha-México, etc. Esta política tem apoiantes em ambos os países, a maior parte inconscientemente. No Brasil, nem toda a população tem origem ou laços portugueses e os pró-americanos quiseram separar as línguas e criar uma «língua nacional». Houve um congresso filológico em que se decidiu - bem - que as diferenças existem também dentro de cada um dos países e que a língua portuguesa é aquela que é falada pelos povos que falam português. Eu estava lá e acompanhei. Achei engraçado o carácter circular da fórmula, que nem por isso, é menos eficiente.

A separação das línguas seria dramática para Portugal, que ficaria com uma «linguinha», falada apenas por 11 milhões, que rapidamente perderia o estatuto de língua de primeira classe para o brasileiro, e acabaria até por deixar de ser língua oficial na UE, no Vaticano, etc. Era a falta de unificação que impedia que o português fosse língua oficial da ONU, embora os brasileiros nunca deixem de a usar (o que os portugueses incompreensivelmente não fazem). Seria mesmo péssimo encontrar nos vários softwares de texto a referência a, pelo menos, oito, línguas portuguesas.

Com o acordo ortográfico a língua portuguesa é só uma, falada por perto de 250 milhões de pessoas (195 milhões são brasileiros), e fica em 7º lugar no mundo. É uma língua de primeira dimensão.
Há outra vantagem, que não é de somenos: permite que os tratados internacionais entre Portugal e Brasil, p. ex., deixem de ser escritos em dois instrumentos.

Pesados os prós e os contras, estou decididamente a favor da unificação da língua.

Posso confessar que gostava mais da versão - essa também unificada - do português que se escrevia no séc. XIX, no tempo dos bons escritores. Mas fomos nós, no tempo da Primeira República, que a estragámos, sem dar cavaco aos brasileiros.