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No mar, a onda começa lá ao fundo, uma ruga no horizonte. Vai crescendo e aproximando. Interroga-nos: passa à proa, passa à popa... ou passa por nós?
Quando passa por nós, tudo se agita. O barco acelera, o controlo perturba-se, tem de ser corrigido com atenção... ou é a onda que passa a mandar em nós.
Enquanto a onda passa tudo é energia, é intenso, veloz, vertiginoso.
Depois, de repente, a onda descola. Caímos na cova, amolecemos, perdemos velocidade, parece que parámos.
A onda segue a sua viagem do outro lado. Igual à que era. Vai diminuindo até se tornar uma ruga no horizonte. Do outro lado do mar.
Entretanto, do lado de cá, no horizonte, uma onda começa a espreitar. Vai passar à proa, vai passar à popa... ou vai-nos levar com ela?
Foi sempre assim. Será sempre assim.
Atrás duma onda vem sempre uma nova onda.