Eu, e muita gente, nunca concordei com
a instituição dum Tribunal Constitucional na estrutura do Estado
Democrático em Portugal. Preferia que as suas funções fossem
exercidas pelo Supremo Tribunal de Justiça, eventualmente com uma
Secção Constitucional.
Mas a evolução política assim o
ditou. Foi a reconversão democrática possível da Comissão
Constitucional.
A estrutura do TC não foi mal
planeada.
Um grupo de juízes que lhe assegurem a judicialidade, um
grupo de políticos designados pelo Parlamento por maioria
qualificada de 2/3 que evitem a perversão conhecida por «governo
dos juízes» (que já aconteceu nos USA) e que evitem também
colisões com a maioria de governo. A designação por maioria
qualificada evita ainda que sejam designados juízes que sejam
«correias de transmissão» dos partidos.
Assim se esperava que tudo funcionaria
bem.
Só que ninguém previu uma situação
em que o partido dominante do poder e do governo (PSD) esteja dividido em
duas facções, uma elas na oposição ao governo, e que sejam dessa
facção (dominantemente) os juízes por ele designados para o TC.
Assim aconteceu que, inesperadamente e anomalamente, a maioria do Tribunal Constitucional, contrariamente ao que se pretendia com o seu desenho estrutural, seja composta pela oposição. Esta maioria da oposição é integrada pelos juízes do PS e pelos juízes do PSD que estão em oposição à direcção política de Passos Coelho e que utilizam o Tribunal Constitucional para dificultar, bloquear e eventualmente derrubar o Governo.
Assim aconteceu que, inesperadamente e anomalamente, a maioria do Tribunal Constitucional, contrariamente ao que se pretendia com o seu desenho estrutural, seja composta pela oposição. Esta maioria da oposição é integrada pelos juízes do PS e pelos juízes do PSD que estão em oposição à direcção política de Passos Coelho e que utilizam o Tribunal Constitucional para dificultar, bloquear e eventualmente derrubar o Governo.
É esta a disfuncionalidade do Tribunal
Constitucional.
Mas a culpa não deixa de ser da divisão do PSD.