Ministério das Finanças: corte do rating de Portugal pela Fitch é “difícil de compreender” (Público).
Eu também acho que Teixeira Santos ainda não percebeu. Como também não percebeu o disparate que foi nacionalizar o BPN... e não percebe, em geral, nada do que anda a fazer como ministro.
Teixeira Santos ainda não percebeu a diferença entre os argumentos invocados para os cortes de rating e as verdadeiras razões que os determinam. Os argumentos são fáceis: baixa o rating por ter cão e por não ter cão. Todas as políticas têm as suas desvantagens e há sempre uma maneira de argumentar o corte do rating. Os cortes do rating continuarão. Se Portugal tiver uma política de austeridade, será porque a economia vai entrar em recessão; se tiver um política expansionista, será porque as finanças vão desequilibrar.
A verdadeira razão é outra. Portugal vai ao mercado com os cofres vazios, em situação de total incapacidade de negociação e sem qualquer alternativa senão ter de aceitar quaisquer taxas, sejam elas quais forem. Esta é a maneira mais estúpida de o fazer. É claro que as agências de rating - que são contratadas e pagas pelos emprestadores - fazem as baixas de rating que forem adequadas a justificar a subida dos juros da dívida portuguesa (aliás, os custo dos CDSs correspondentes). Porquê: porque os agentes do mercado ganham mais dinheiro assim. Ganham mesmo fortunas, eles estão lá para isso: vão buscar o dinheiro a taxas baratas e colocam-no a taxas caras naqueles tontos dos portugueses.
São as leis do mercado: quem aparece deseperado e sem alternativa, em situação de carência absoluta, paga o preço que os outros fixarem. É uma prática usurária? Pois é. Mas o que é preciso é não ir ao mercado em situação de tal inferioridade, necessidade e dependência.
O mais grave défice português, na verdade, é o défice de inteligência e competência no Ministério das Finanças. Teixeira Santos vai continuar a não perceber. Eu, que não tenho jeito para o desenho, peço a quem tiver que lhe explique isto em banda desenhada.
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