Quando eu entrei para a Faculdade, em 1965, não havia praticamente carros estacionados na Cidade Universitária. Os alunos (entre eles, eu) chegavam lá e de lá saíam de autocarro. Eramos felizes, divertíamo-nos e achávamos (tínhamos a certeza) que íamos mudar o mundo (e mudámos). Queríamos casar para sair de casa e ter a nossa independência. Criávamos família em casas quase completamente desprovidas de confortos e de electrodmésticos. Arrendadas... ninguém tinha dinheiro para comprar. Vivia-se com pouco, mas vivia-se muito.
Agora não se consegue estacionar um carro na Cidade Universitária, os alunos vêm e vão de carro, não acreditam que o mundo mude, não casam nem saem de casa para não terem de depender de si próprios. Quando fazem família (sem casar), é em casas compradas, com tudo o que é o último grito de electrodomésticos e electrónica, fazem férias no estrangeiro, vivem com dinheiro.
Mas o mundo mudou mesmo... outra vez. E vai voltar a ser o que era. A minha geração já conheceu tempos de menos dinheiro e menos conforto; esta geração ainda não: vai-lhes custar a adaptar.
A economia vai possivelmente voltar para o que foi nos anos sessenta. Para mim, não será coisa grave; para esta geração vai ser uma catástrofe.
O Tratado de Lisboa começa a dar frutos
Há 14 anos
Ai vai, vai, meu amigo!
ResponderEliminarSó que nós éramos felizes com pouco, não havia as solicitações e facilidades de hoje.
Falsas.
E o mundo tinha de mudar, depois do engano que iludiu e ludibriou uma geração (ou duas).
Hoje não se vive para construir, da independência, à casa, aos filhos - estes então são o último "electrodoméstico" lá para casa...
Posso parecer rude, mas é a verdade nua a crua.
E vou ficar por aqui que a indignação cresce a cada hora que passa.
Um abraço pelo feliz reencontro.
Interrogo-me como é que esta geração de facilitismos vai governar o País.´
ResponderEliminarUm abraço e Bom Ano de 2011
Bernardo Soares
Caro Professor, com o respeito que merece, tenho a dizer-lhe que este seu post não passa de um "rant" típico de pessoas desinformadas; digo mesmo mais: de "velhos do Restelo". Para que conste, também me formei, na "nossa" FDL (não tendo sido seu aluno, infelizmente), há menos de dez anos. Com uma média de curso bastante razoável, diga-se.
ResponderEliminarSobre os facilitismos de que se fala por aí, não sei do que falam, pois nos vários sítios por onde passei, sempre fui avaliado e vigiado. Onde me encontro agora (Exército), até provas físicas tenho de fazer, para provar que estou à altura dos acontecimentos.
Eu e boa parte dos meus colegas não temos conhecido estabilidade nenhuma nas nossas carreiras profissionais, com particular destaque para a madrasta advocacia (nem falo das ditas grandes sociedades, que não passam de centrais de compadrio, de exploração e de venda de banha da cobra). Aqueles que ingressaram no CEJ ou na Administração Pública (estes sem ser a recibo verde) são os únicos que se vão safando, porque o resto é para esquecer. Bom, alguns até emigraram, já que se fartaram de viver na incerteza.
Tudo isto para dizer que sem estabilidade no emprego não há meio de fazer planos de longo prazo, como comprar/arrendar casa, casar e afins. Não somos preguiçosos, não queremos facilitismos e, sobretudo, não queremos ser conotados com mamões nem insultados por gente que, com todo o respeito, não sabe NADA do que se passa no terreno.
Se os alunos vão de carro para a faculdade, o problema é deles. Pessoalmente, só usei o meu nos tempos de faculdade para ir de fim-de-semana à terra, como tenho feito até hoje; no resto, eram os amigos metropolitano e autocarro que me levavam e traziam para casa.
Quanto a "ser feliz com pouco", gostava de saber como é que se consegue tal feito, quando se ganha 700 euros líquidos e um T1 num arredor manhoso custa para cima de 300 euros, sem falar no resto das despesas. Viver assim um ano ou dois, ainda vai, agora uma vida inteira? E vendo os outros a viver bem? Mas somos todos estúpidos? Falar é fácil, meus senhores.
Por aqui me fico, prezado Professor, com saudações académicas e votos de um ano o menos sofrível possível para todos.
M. Albergaria