O que distingue a governação
democrática da governação aristocrática é que na democracia a
governação é exercida de acordo com a vontade do povo, que se
presume saber cuidar do seu interesse, enquanto no sistema
aristocrático se governa no interesse do povo, que se presume não
saber cuidar do seu interesse, mesmo contra a sua vontade. No sistema
democrático o interesse do povo coincide com a sua vontade e é
expresso pelos parlamentos eleitos diretamente pelos povos. No
sistema aristocrático, o interesse do povo é apurado e definido por
um soberano ou por um órgão ou um coletivo de pessoas tidas como
mais sábias.
Os parlamentos, na sua identidade
atual, têm origem nas revoluções americana e francesa e foram
criados com a função primeira de representar a vontade e definir o
interesse dos povos na distribuição dos encargos do Estado sobre os
cidadãos (impostos, taxas e encargos análogos) e na determinação
das despesas públicas. Logo em seguida vem a definição dos tipos
de crimes e das penas, mas a principal foi a representação dos
povos na definição da receita e despesa pública.
Os sistemas não democráticos postulam
a incapacidade dos povos para estas funções, pela sua ignorância e
ganância (e outras deficiências) e substituem-lhes o governo dos
mais sábios, protagonizados por órgãos não eletivos ou mesmo por
indivíduos (reis absolutos ou líderes autocráticos).
O recurso ao Tribunal Constitucional
para bloquear a Lei do Orçamento Geral do Estado corresponde à
transposição da fronteira da democracia. O recurso ao Tribunal
Constitucional para bloquear o Parlamento nesta matéria é
incompatível com os fundamentos da Ordem Democrática.
É triste mas esta é a verdade. Todos temos uma parcela de culpa pois demos créditos de confiança a quem revelou não ser merecedor. E não foi só um, foram muitos. Fomos enganados e desacreditados. A democracia está quase prestes a ser "embalsamada"! Meg
ResponderEliminarFoi mesmo. Sai-nos sempre a escolha errada...
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ResponderEliminarPergunto: para que serve o Presidente da República? Não seria melhor termos um sistema político em que o Presidente também tivesse as funções de Primeiro Ministro? Evitavm-se situações como esta que vivemos agora.
O Presidente da República deveria servir para evitar este tipo de colisões de competências do vários órgãos de soberania, em vez de ser ele próprio a criá-los.
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