Kugman, Nobel da economia, escreveu um importante artigo sobre os problemas da Europa e do Euro. Muita gente comenta sem ter lido e, para evitar isso, aqui fica o link.
No vou fazer a exegese nem comentar o comentário. Simplesmente a minha opinião (vale o que vale):
1. O argumento de que uma moeda única não serve várias economias diferentes é desmetido pelos próprios USA, com Estados economicamente tão diferentes como o Utah (semelhante a Portugal), o Nevada (semelhante à Irlanda) e a Califórnia (semelhante à França).
2. O argumento de que a moeda única impede a solução de desvalorização da moeda para impulsionar uma recuperação induzida pela exportação também não tem valor. Em primeiro lugar, nos USA também os diversos Estados não podem desvalorizar porque têm moeda única (US$) e, em segundo lugar, porque a desvalorização torna mais caras as importações de energia e matérias primas, e aumenta também a dívida externa; e produz inflação importada que anula o efeito benéfico da desvalorização, acabando por conduzir à espiral inflacionária com estagflação, agitação social e ínstabilidade política. Além disto, o Euro não impede a chamada 'desvalorização interna' feita através da redução salarial e da perda efectiva de poder de compra, o que estimula a exportação, como sucedeu nos Estados Bálticos e parece estar a suceder em Portugal.
3. Concordo com Krugman quando diz que a solução está numa maior integração fiscal e financeira da Europa, num maior profundamento político-financeiro, com a emissão de E-Bonds e implementação dum sistema de transferências dos Estados ricos para os Estados pobres, como previsto inicialmente por Robert Schumann e os founding fathers da Europa e como funciona nos USA.
A Europa, reconhece Kugman, é a maior economia do mundo e não pode colapsar sem risco gravíssimos. A saída do Euro por parte de qualquer dos Estados que o têm teria consquências dantescas económica e socialmente, com corridas aos Bancos, desvalorização incontrolável e colapso económico-social.
Resta, pois, ultrapassar os nacionalismos e egoismos nascentes e emitir Euro Bonds (E-Bonds) suportados pela globalidade da economia da UE. Era isso, no fundo, o que se passava antes de se ter admitido taxas diferenciadas nas 'dívidas soberanas' dos diversos Estados da União. Na UE já não há 'estados soberanos' no sentido próprio do termo e não pode portanto haver 'dívidas soberanas'.
É preciso pôr em prática a solidariedade europeia e passar a emitir E-Bonds.
Aos alemães que perguntam porque é que hão-de pagar os problemas económicos dos outros europeus respondo que porque os outros europeus também já pagaram recentemente os problemas económicos (e não só) dos alemães.
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