sexta-feira, 2 de outubro de 2009

como o inglês no uganda

O meu avô contava-me que os ingleses, no Uganda, vestiam-se de smoking para jantar, nem que estivessem numa tenda no mato. Era a maneira de não se deixarem cafrealizar. Tinham um conceito alargado de natureza que incluída as trovadas, os crocodilos, as montanhas, o capim, as cobras e os governantes locais. Encaravam tudo isto como uma inevitabilidade, mas não se misturavam.

Como Portugal se está a tornar Uganda, Commonsense vai tornar-se um «inglês no Uganda»: o dia, a noite, o vento, o mar, os bichos, o ladrões, os corruptos, os recebedores-de-comissões, os arranjadores-de-negócios, os compradores-de-jornalistas, os pagadores-de-políticos, os jornalistas e os políticos, a escom, a mota/engil, o jorge coelho, o isaltino, o valentim loureiro, a fátima felgueiras, o paulo pedroso, o sócrates, o eleitorado, os traficantes e os drogados, os pedófilos e os seus advogados, os banqueiros e os agiotas, tudo isto é inevitável e faz parte da natureza. É preciso viver com tudo isso, sem me misturar nem me cafrealizar. E não vale a pena dar murros em pontas de facas.

Como já não há os ingleses que andavam no Uganda nem o Uganda desse tempo, numa actualização imprescindível, Commonsense será aqui como um Europeu em Portugal.

5 comentários:

  1. Só por curiosidade e não só, qual será o seu vinculo? pois se me agradar eu serei seu seguidor

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  2. Explique-me lá, se puder: Qual será a diferença entre a actual Europa e o antigo Uganda?

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  3. Meu caro Commonsense,

    Já de férias, e com tempo para os amigos, aqui cheguei, e, recordando ás Áfricas que me viram crescer, dei comigo a rir à gargalhada.
    Adorei essa sua, chamemos-lhe reflexão, com a qual estou absolutamente de acordo... e realmente acho que vou aderir.
    Além do commonsence, aprecio o seu sense of humour.

    Um abraço

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  4. Identifico-me com a metáfora mas como muito bem disse "Já não há ingleses no Uganda" e o problema é que não temos uma Inglaterra para nos acolher no final do filme.

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  5. Maria disse
    Pois eu recordo-me dos alemães que viviam nas plantações de café do norte de Angola fazerem o mesmo. Ainda mais um pormenor: se depois do jantar se ouvisse ópera nos velhos gira discos, convidavam os amigos que vinham de outras fazendas e então a indumentária teria de ser ainda mais cuidada. Que será feito deles e das suas fazendas ?

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