O professor suicidou-se a 9 de Fevereiro, tendo deixado, no seu computador pessoal, um texto que afirmava: “Se o meu destino é sofrer, dando aulas a alunos que não me respeitam e me põem fora de mim, não tendo outras fontes de rendimento, a única solução apaziguadora será o suicídio”. (Público, 13.III.2010)
Mais outro caso de bullying mortal. Agora foi um professor que se suicidou por não aguentar a pressão a que era submetido pelos alunos.
As autoridades apressaram-se a desculpar: o professor estaria em estado de fragilidade psicológica. Mas será que alguém se suicida sem estar em estado de grave fragilidade psicológica?! Só se suicida quem chega a um estado de fragilidade psicológica de desespero e de dor interior insuportáveis, tão insuportáveis que só a morte os alivia.
Em ambos os casos o suicídio foi provocado por pressão dos alunos.
Em ambos os casos as autoridades menorizaram o sucedido e recusaram investigar e procurar castigar os responsáveis. Em vez disso lançaram mão de psicólogos para aliviar o sofrimento causado nos agressores, para aliviar o remorso. Assim tentaram anestesiar o sentimento de culpa, para que não haja sequer arrependimento, para que tudo continue na mesma.
Porque as autoridades do Ministério da Educação, no fundo, sabem bem que os últimos responsáveis são eles mesmos, quando permitem um ambiente geral de indisciplina, violência e irresponsabilidade.
Vai de mal a pior o sistema de ensino em Portugal.
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Há 14 anos
Não entendo nada disso do bullying. Todos nós pusemos alcunhas a professores. "Careca" é o menos: que dizer do "Zé aperta-o-laço", da "Miss Patrulha", do "Faraó" ou do "Dez-para as-duas"?
ResponderEliminarMas, ai de nós se nos apanhavam, era negativa pela certa, ou mesmo um chumbo. Os pais não gostavam: punham-nos de castigo, que poderia ir até ao trabalho nas férias de Verão.
Os professores tinham nessa altura "a faca e o queijo na mão".
No fundo é isso que lhes falta agora. Devolvam-lhes o poder disciplinar, e já não terão razões para se matar.
Descanse a sua alma.
ResponderEliminarÉ o que me ocorre imediatamente ao ler este texto.
Não que neste momento esteja muito preocupado com isso, mas evidentemente os reponsáveis directos deste caso de bullying , são, em breve, as futuras vitimas. A exigência, responsabilidade e civismo é um sentimento maturo e racional, que poucos são, infelizmente, os que o têm. Se não houver uma cultura de responsabilização, mas apenas uma cultura sistemática de compreensão por tudo e por todos, as "balizas" do que é certo e errado e certo deixam de existir. Vivemos numa sociedade em que nada é "mau" e tudo é explicável. Do pouco que sei desta matéria, penso que até Freud "dá voltas..." ao ver o ponto em que chegamos. Com esta atitude crescemos sem rumo e o desespero é certo.