A indústria da construção é antiga, digna e laboriosa. Mas precisa de obras e de adjudicações. A construção pesada precisa de obras pesadas e essas é só o Estado que as dá a construir: obras públicas.
Para obter as adjudicações é preciso persuadir quem as decide.
A partir daqui é ficção: qualquer semelhança com pessoas e realidades é pura coincidência.
Para obter uma adjudicação a construtora entrega uma quantia ao partido político que está no poder. Às vezes a um seu membro que fica com alguma coisa para si (portes). Usa-se muito em vésperas de campanhas eleitorais. O dito partido (seja este ou outro, não estou a referir nenhum em especial), lá faz com que o Ministério, ou o serviço público, ou a empresa pública em questão adjudiquem a obra à dita construtora.
Na execução da obra há sempre trabalhos a mais. É natural. Alguns são mesmo verdadeiros. Outros, porém, são fictícios e servem para que a construtora receba de volta do dono da obra (Estado, serviço público ou empresa pública) aquilo que pagou ao partido do poder. Em casos mais perversos, o dinheiro não chega sequer ao partido e fica no intermediário, o «homem da mala», que quase sempre é um dirigente partidário. Assim se explicam os milagres económicos que sucedem a alguns políticos e ex-políticos, que entraram nessa prestimosa actividade sem um tostão e acabaram milionários (mais uma vez, não estou a pensar em ninguém em especial).
Como daqui resulta, acaba sempre por ser o Estado a financiar o tal partido. Só que, em vez de financiar todos na devida proporção, financia apenas o que está no poder. Assim se explica a promiscuidade entre políticos, partidos políticos e grandes construtoras (continuo a não me referir a ninguém especialmente).
O Tratado de Lisboa começa a dar frutos
Há 14 anos
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