No meu tempo de juventude, eram os padres que queriam casar. Agora são os homosexuais.
Não me considero homófobo. Tal significaria ter medo dos homosexuais, e eu não tenho. Mas não gosto, nem uso.
Também não aceito a designação gay, porque significa alegre e eles não o são particularmente; além de haver imensa gente alegre que é heterosexual.
Já quanto à expressão lésbicas, nada tenho a opôr. Atrever-me-ia até a propor que fosse usada nos dois géneros: lésbicos e lésbicas. Mas não faço questão.
O casamento é uma instituição antiga, que sempre tem sido reservada para uniões heterosexuais ligadas à instituição da família. Tem uma imensa dignidade que lhe vem de ser originariamente um sacramento religioso – um voto – que, mais tarde, no princípio do sec. XX, veio a ser laicisado como um contrato civil. A sua dignidade não lhe vem da recente natureza contratual, mas antes da sua antiquíssima natureza sacramental, votiva e familiar.
Toda a gente sabe que existem uniões homosexuais mais ou menos perdurantes e apoiadas em projectos de vida em comum assente no afecto. Essas uniões têm sido reconhecidas pelo direito como tais, mas não como casamentos. A quem estiver interessado recomendo a consulta da lei inglesa
Civil Partnership Act de 2004, que está tão bem feita e tem dado tão bons resultados que bem poderia ser traduzida para português e legislada pela AR(é melhor não os deixar pensar nem inventar). Resolve todos os problemas e satisfaz todas as exigências, menos uma: não lhe dá o nome de casamento. Poderia ser usada a designação «união homosexual» ou outra semelhante.
Segundo um «parecer» que por aí anda, escrito por um ex-assistente de uma Faculdade de Direito, que não se doutorou, o importante seria o uso da expressão casamento pelo seu «valor simbólico». Mas tal constituiria uma mistificação e uma falsificação terminológica.
É que a dignidade e o valor simbólico do casamento vêm da sua natureza sacramental e da sua ligação à constituição da família, como sua pedra angular, o que de todo falta nas uniões homosexuais.
Os homosexuais são cidadãos e cidadãs como toda a gente e têm direito à correspondente dignidade cívica. O que não têm é direito a pretender ser o que não são. E é mesmo patético que sejam eles próprios a se desdignificarem quando se não conseguem assumir como são, sem precisar de parasitar a dignidade duma instituição que lhes é completamente alheia.